
Esses criminosos atuam no contrabando, comércio ilegal de armas e tráfico de drogas. As cidades-satélites que já teriam como território estão exatamente na divisa com Goiás, fazendo uma espécie de cinturão que começa na Ceilândia, terminando em Planaltina, passando por Gama, Santa Maria, Paranoá e São Sebastião.
A Polícia Militar do DF comemorou a recente incorporação de onze armas de alto poder de fogo ao seu arsenal. Todas elas de uso restrito, sendo uma espingarda adaptada para arrombamento, cinco fuzis calibre 762 e outros cinco calibre 556. As armas são de fabricação iugoslava, norte-americana e turca. A PMDF já utiliza fuzis de calibres 556 e 762, mas conta apenas com 203 peças. Em outras palavras, a corporação teve um incremento em seu arsenal da ordem de 5,4%.
Mas engana-se quem pensa que todo esse armamento foi obtido a partir de uma compra pública. A origem das armas é atribuída ao Comando Vermelho. Elas foram apreendidas e incorporadas ao paiol oficial. Uma justa decisão, mas que revela o poderio do crime organizado que já se instala em Brasília e que tende a crescer, segundo os analistas, com a transferência de líderes de facções do crime organizado para a penitenciária federal da Capital Federal.
Todo esse armamento, mais 10 de pistolas, 30 pentes carregadores, além de munições e muitos explosivos, foi apreendido em uma única operação em Samambaia, no ano passado. Uma operação que mais lembrava as cenas cariocas que assistimos na TV. Diversas viaturas e até helicópteros foram empregados na perseguição e prisão dos criminosos.

Moro traz liderança das facções pro DF
Por decisão do ministro Sérgio Moro, como já registramos aqui nessa coluna, líderes das facções Comando Vermelho – CV, Primeiro Comando da Capital – PCC e Família do Norte foram transferidos para a Capital. Brasília hospeda hoje o que há de mais perigoso dentre as lideranças do crime organizado. E o retrato da criminalidade candanga já é outro. Segundo a Polícia Civil, integrantes do PCC e do CV já dominam seis regiões administrativas. A presença deles no Entorno é registrada pelas autoridades desde o final do governo Temer. Relatórios oficiais apontavam a presença de 1.500 homens a serviço dos dois grupos.
Esses criminosos atuam no contrabando, comércio ilegal de armas e tráfico de drogas. As cidades-satélites que já teriam sido tomadas como território estão exatamente na divisa com Goiás, fazendo uma espécie de cinturão que começa na Ceilândia, terminando em Planaltina, passando por Gama, Santa Maria, Paranoá e São Sebastião.
O Ministério da Justiça diz que os líderes das facções estão presos em segurança. Mas a insegurança está aqui, do lado de fora. O brasiliense ficou exposto a um tipo de criminalidade que não existia por essas bandas, graças à política de Sérgio Moro. No mínimo, deveria haver a concordância dos governantes locais. Afinal, estamos numa República Federativa.
Fonte: Por Chico Sant’Anna .